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  • cecilialeitecosta

SEGUNDA FASE DA PUBERDADE- INTIMIDADE COM CORPOS ESPECULARES-BLOQUEIOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Essa fase também é conhecida como fase do(a) Grande Amigo(a). O(a) Grande amigo(a) é o amigo(a) idealizado(a) que representa os traços do homem erotizado (no caso dos meninos) ou da mulher erotizada (no caso das meninas) que eles aspiram a ser. A marca dessa fase está na intensidade dos sentimentos (posse, ciúmes) representada nas amizades e amores incondicionais que definem a idealização. Os amiguinhos do mesmo sexo entendem e experimentam, em primeira pessoa, o mesmo que eles. Os segredos e a necessidade de privacidade são os pilares ou condições de possibilidade para a exploração do erotismo em corpos semelhantes aos deles. Essa é a razão pela qual o autor chama essa fase de homossexual, e referência à funcão especular dos amigos do mesmo sexo nesse momento. Vou me referir a ela como fase especular, a fim de evitar o peso do termo homossexual como referência à orientação sexual. A importância dessa estapa está na intimidade afetiva entre eles. Ela permite aos meninos e meninas, terem uma modelo (amigo ideal) de como é ser e sentir como um homem, no caso dos meninos ou como uma mulher, no caso das meninas, numa situação altamente erotizada. Paulatinamente, a introjeção dos traços do(a) amigo(a) ideal, permite a sintonia erótica com o próprio sexo e os comportamentos comumente associados a eles

Bloqueios estruturais:

Os bloqueios estruturais, nessa fase, decorrem:

-Das razões anteriores (que tenham ocorrido num nível brando- não suficiente para retê-los no estágio anterior)

-Da incapacidade de sustentar uma situação altamente erotizada, não por falta de desejo, mas por falta de estruturação da identidade sexual masculina (meninos) e feminina (nas meninas). Isso significa que, dependendo do grau do bloqueio, eles podem se ver em situações de grande desconcerto, constrangimento ou pânico quando solicitados nessa etapa da identidade Sexual- i. é, em situações (altamente) erotizadas e desejadas.

Em termos conceituais, o bloqueio parcial ou integral está na fusão necessária entre a identidade feminina infantil da menina, basicamente vinda da mãe e as novas referências idealizadas. Esse é o processo por meio do qual as meninas formam a identidade idealizada feminina. Os meninos passam pelo mesmo processo: fusão da identidade masculina infantil, basicamente vinda do pai ou de quem tiver desempenhado essa função, com os novos ídolos, formando a identidade idealizada masculina. Alguém que esteja retido nessa fase não consegue sustentar um contato altamente erotizado[1] com alguém desejado que lhe demande energia/comportamento erotizado, i.e, que lhe demande energia masculina (no caso dos meninos) ou energia feminina (no caso das meninas). Em casos de bloqueios nessa fase, numa situação altamente erotizada, as pessoas podem reagir com grande desconforto, desconcerto ou, até, entrarem em pânico e fugirem da situação ansiogênica. Se os bloqueios forem brandos, as pessoas não evitam ou fogem da situação erotizada e desejada, mas regridem à fase anterior, com a qual se sentem familiarizados. Assim, o sexo ou relacionamento acontece quando o tom é terno, de amizade, com pouca erotização.

Continua no próximo Post

[1] A AP assume o entrelaçamento intrínseco entre:1) predisposições ou expectativas genéticas para o desenvolvimento do elemento/energia masculina e feminina na personalidade, 2) a introjeção de traços masculinos e femininos, em um nível estrutural, na personalidade, e 3) comportamentos aprendidos por imitação (especialmente vindos dos pais mas, também, de outras referências afetivas) e graus diferentes de consciência. Todos esses ingredientes assumem características mais claras a partir do advento da energia sexual. Nesse ponto, a teoria assume que as predisposições genéticas: acolher –feminino (receber) e impelir-masculino (assertividade), tornam-se performances que serão, inevitavelmente, atreladas a papéis sociais que, por sua vez, são associados a gêneros. Adiantamos que energias não são exclusivas de sexos ou gênero. Logo, entendo que o intuito do autor não seja dar uma “etiqueta” às orientações sexuais ou identidades de gênero. Os conceitos visam o manejo clínico mais eficiente, baseado num entendimento mais detalhado das angústias e bloqueios e que impedem a fruição da vida sexual das pessoas. Um ensaio mais detalhado sobre esses tópicos será desenvolvido posteriormente.


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