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  • cecilialeitecosta

PUBERDADE - PROJEÇÕES IDEALIZADAS

Os pré-adolescentes costumam encontrar eco para os novos sentimentos e sensações nos amigos do mesmo sexo e da mesma faixa etária. Isso porque essas vivências inéditas podem trazer vergonha, suscitar reações de pudor e, por essas razões, costumam ser compartilhadas com os colegas que sabem o que eles sentem. Saber, nesse caso, se refere ao conhecimento que vem da experiência em primeira pessoa. A cumplicidade com os amigos do mesmo sexo acontece, em considerável medida, em função dos “segredos” que podem compartilhar e substitui a cumplicidade antes encontrada com os pais. Eles são referências importantes para o início da separação da criança das suas referências infantis, rumo a vida e identidade adulta. De acordo com Dias[1], essa seria a razão da “divisão espontânea” dos sexos nessa etapa do desenvolvimento. Os grupinhos de amigos do mesmo sexo e o “grande amigo”, são peças-chave no quebra cabeças do desenvolvimento sexual. O(a) “grande amigo(a)”, em geral, é líder, representa o sucesso nas performances sociais ligadas à desenvoltura na vida social e na sexualidade e, ao mesmo tempo, é uma referência diferente da sua família de origem. Para falar com Dias: “Essas relações são muito intensas e carregadas de sentimentos de posse e ciúme. Qualquer briga com o grande amigo ou amiga desencadeia fortes sentimentos de traição e desilusão, que são facilmente esquecidas com um novo Grande Amigo, rapidamente alçado à condição de intimidade (ibid. p. 91).

Além disso, começar a se interessar por temas e universos de inserção mais adultos são muito comuns nessa fase. A capacidade intelectual- analítica e argumentativa- começa a se desenvolver a saltos largos. Nesse momento, homens e mulheres que representem os status e referências de desejo e aspiração de vida são alçados à condição de ídolos. Eles vão de pessoas das redes “concretas” de convivências desses meninos e meninas- outros pais, professores- a ídolos distantes da realidade. A partir daí, a relação auto-sexual entra em processo de fusão identitária. Como isso acontece? No caso dos meninos, eles projetam traços de homens ídolos em um “Grande Amigo” e criam uma relação idealizada com ele. Os traços psicológicos admirados nos ídolos são projetados no “Amigo-ídolo”, disparando o processo de formação da identidade masculina idealizada. O Grande Amigo é o primeiro modelo de como ser e se comportar como alguém do sexo e gênero masculino e encarna, em última instância, o homem erotizado que o garoto aspira a ser. Uma vez que a Identidade Masculina Idealizada ganhe um contorno mais nítido, ela deixa de estar projetada em um amigo-ídolo e passa a ser incorporada pelo garoto.

Continua no próximo post

[1] Dias, V.S. Evolução da Identidade Sexual. In: Vinculo Conjugal na Analise Psicodramática

(2000). Ágora.SP.

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