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cecilialeitecosta

PUBERDADE- FASE ESPECULAR E FUSÃO IDENTITARIA

Dando continuidade ao Post anterior, a primeira fase de projeção idealizada acontece entre garotos e garotas dom mesmo sexo (fase especular), o que significa que as meninas passam pelo mesmo processo. Paulatinamente, no caso das meninas, a nova identidade feminina idealizada se funde ao modelo feminino infantil[1] (da mãe, ou quem tiver exercido esse papel/função psicológica na infância), consolidando a primeira etapa da formação da identidade sexual feminina dessa menina. Em resumo, o modelo feminino infantil, incorporado pela garota, não é descartado. Ele se funde à identidade sexual feminina idealizada, dando corpo ao modelo de mulher que a garota aspira. Os meninos passam pelo mesmo processo. As identidades sexuais femininas e masculinas idealizadas funcionarão como novo “código normativo tácito” de como se sentir e se comportar nas situações erotizadas com outros corpos. Dias chamou essa fase do desenvolvimento psicológico de homossexual e eu me referirei a ela como fase especular para evitar a confusão terminológica com orientação sexual homossexual. Para Dias, o termo homossexual, nesse caso, se refere ao processo de fusão identitária que permite aos púberes se descolarem dos modelos masculinos (no caso dos meninos) e femininos (no caso das meninas) infantis e começarem a criar outras referências psicológicas – não só eróticas, como também morais e intelectuais- para desenvolverem suas identidades adultas. “A grande importância dessa fase está na intimidade psicológica e afetiva que se estabelece nessa relação” (ibid, p.97). A exploração corporal com os colegas começa a ser erotizada mas não configura, ainda, “jogos sexuais”. São tentativas de “exploração interativa” com corpos semelhantes ao deles (as). Por isso a chamarei de fase especular. Usufruir dessa fase espontaneamente significa poder transitar pelos novos jogos de linguagem (regras de interação) com a liberdade necessária para se conhecerem e começarem a se lançar na vida sexual ativa.

A etapa seguinte começa por volta dos 14 e termina aos 17 anos, mais ou menos. Nessa fase a erotização começa a se dirigir a outro corpos, de outro sexo. Isso não acontece em um passe de mágica. Para Dias, o “primeiro(a) namorado(a)” tem essa função transitória, i.é, são relações ainda muito idealizadas, cuja função psicológica é criar sintonia com a erotização no sexo oposto. Assim, as meninas começam a se conectar com o prazer masculino e os meninos, com o prazer feminino. Isso permite à menina criar sintonia com como se sentem os meninos numa relação erotizada e, aos meninos, se sintonizarem com o prazer feminino numa relação erotizada[2].

Continua no próximo Post

[2]As controvérsias com relação aos comportamentos e gêneros associados a sexos serão discutidas nos ensaios: 7- Influências culturais na formação da Identidade e 8- Angústias contemporâneas.

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