top of page
  • cecilialeitecosta

PROCRASTINAÇÃO-BREVE COMENTÁRIO DE UMA PERSPECTIVA PSICODINÂMICA

No Post anterior comentamos algumas das razões inconscientes para a falta de motivação. Numa sociedade constituída de indivíduos multitarefas e em estado de permanente prontidão para mudança[1], não apenas terias sobre motivacão/desmotivação proliferaram, mas também sobre seu correlato- a procrastinação. Definida como comportamento de adiamento de algo que precisa ser feito -na maior parte das vezes, um atarefa considerada desagradável-, a procrastinação é uma das Top 5 queixas na psicoterapia. Há varias estratégias disponíveis para lidar com ela, não obstante muitas, a nosso ver, sejam eficientes quando se dirigem a parte saudável do indivíduo, i.e, nos casos de haver razões reais e detectáveis para o comportamento procrastinador. Uma vez que nosso foco está nos sintomas de origem emocional (inconscientes), vamos comentar, brevemente, alguns exemplos em que as causas para a procrastinação nao estão evidentes. Para tanto, é importante, primeiro, explicar a conexão entre conflitos, motivação e procrastinação. Vamos começar com o uso de uma metáfora:

1) Pense em um conflito como em uma corda sendo sendo puxada por dois agentes/forças em oposição

Quando as pessoas estão conscientes dos dois lados (afetos ou ideas) em oposição, em geral, precisam decidir entre um dos dois. Se não conseguem se decidir, o conflito nao é resolvido, gerando angústia que, comumente, é externalizada na forma de ansiedade. Entretanto, muitas vezes, as pessoas não estão conscientes dos conflitos internos. E, se os conlfitos nao sao elaborados, a angustia/ansiedade que eles casusam são descarregadas na forma de sintomas, como ansiedades desproporcionais e outros distúrbios emocionais. Seguindo essa linha de raciocínio, vamos lembrar dos casos de João e Pedro, do Post passado[2]. Naqueles exemplos, ambos sabiam o que lhes havia motivado a construirem carreiras bem sucedidas. Porém, um vivia permanentemente assombrado pela possibilidade de ter ataques de pânico- que, fora o horror de perder o controle do próprio corpo, trazia também a preocupação com o embaraço/constrangimento social- e, o outro, assombrado pela sensação de procrastinacão. Nos dois casos, o receio do fracasso nas performances era desproporcional aos resultados. Maria[3], outro exemplo, é profissional liberal da área cultural e Joana é executiva. A despeito das diferentes areas de atuação, o sintoma das duas tinham similaridades. Elas sempre entregaram suas tarefas dentro do prazo e com retornos positivos. Todavia, cem por cento das vezes, se sentem exaustas ao final de cada entrega, e com uma espécie de “ressaca moral” porque o trabalho foi feito no último instante e poderia ter sido muito melhor. Em ambos os casos, elas aceitam mais tarefas do que têm possibilidade de entregar, se desesperam e/ou começam várias tarefas ao mesmo tempo e só as concluem no último minuto. Nos dois primeiros exemplos, João e Pedro sabiam o que lhes havia motivado a terem carreiras bem sucedidas, mas não tinham segurança do que realmente gostavam e queriam perseguir como direção mais duradoura para a vida. O que estava na base das suas ansiedades não era, exatamente, a falta de motivação, mas o conflito entre diferentes desejos capaz de produzir um impasse, com repercussão na direção de suas vidas. Portanto, em certa medida, tais ansiedades estavam conectadas às angústias existenciais deles. No caso das mulheres, no entanto, elas sabem o que querem, têm profissões alinhadas aos seus valores e interesses. O conflito não evidente na base da procrastinação ocorre entre um lado comprometido com trabalho e quer entregar um resultado excelente e outro que não pode dizer não à novas demandas, mas que tampouco pode se organizar para entregá-las, numa clara auto-sabotagem. A despeito disso, é importante notar que, nesses dois casos, elas concluem os trabalhos a tempo, embora estejam sempre exaustas ao fim de cada entrega, numa clara repetição de padrão. Nesses casos, as ansiedades são desproporcionais às demandas da vida real, por isso são neuróticas. Por fim, uma vez mais, há várias estratégias eficientes para superar a procrastinação. Uma visão psicodinâmica talvez seja útil para entender os casos em que as estratégias mais reconhecidas não funcionam, reforçando a sentimento de fracasso de pessoas.

Continua no próximo Post [1] Para maiores detalhes ver Posts 14-Centennials- Geração "faça por conta própria", Post16- Egos centennials- multitarefas pensando fora da caixa e Post18- o resultado das mudanças culturais dos Millennials e Centennials nas subjetividades atuais. [2] Para maiores detalhes ver Post 19- (Des)motivação- Um breve comentário de uma perspectiva psicodinâmica. [3] Usaremos exemplos inspirados em casso reais a fim de que as pessoas os conectá-los as suas experiências. As informações dadas, contudo, são genéricas o suficiente para serem aplicadas a muitos casos e não expôr nenhum caso em suas especificidades.




29 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page