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  • cecilialeitecosta

POST 13- SEXO E GÊNERO –DA REPRODUCAO AO PRAZER –MANEJO CLÍNICO

Dando sequência ao Post anterior, o que parece razoavelmente consensual na disputa acerca da natureza do gênero (origem genética ou construção social) é que papéis e direitos são conferidos culturalmente. Gênero como condição existencial implica ambiguidade e fluidez. Esse “detalhe” é fundamental para que psicoterapeutas e profissionais da área médica tenham cautela com pressa do cliente em se encaixar numa definição[1]. Em que pese a necessidade óbvia de ajuda-los na angústia circunstancial- o sofrimento por não se ajustarem socialmente, por estarem numa comunidade que pode ser hostil e violenta–, o importante é que eles(as/x) integrem os vários aspetos que compõem suas identidades, possam se encontrar existencialmente como pessoas únicas no mundo. Se o terapeuta julga, fortalece o lado oprimido. Se faz uma aliança precipitada com a parte neurótica do paciente pode, sem se dar conta, fortalecer seu traço de rigidez moral. Se dá a direção da vida para o paciente, pode acabar colocando seus valores morais como modelo para a vida dele. Logo, é fundamental que o setting terapêutico ofereça um clima facilitador para que as contradições venham à tona e que eles, de posse dos valores e prioridades deles, encontrem um rumo para vida satisfatória. Esse é o caminho para o fortalecimento da Identidade que perdura. Dito isso, o que pode ser colocado na conta da espécie? Somos seres que nascem em condição de total dependência para sobrevivência, munidos de prazer, de criatividade e de uma sexualidade agente prevista para eclodir na puberdade. A partir daí, o desejo sexual passa a pulsar em corpos erotizados e será direcionado para outros corpos por meio da fantasia- que dá o colorido ao desejo erótico. Se a busca diagnóstica estiver no entendimento das angústias do paciente, achamos a pista de onde está o prazer e, assim, o caminho da fantasia (não generalizável). Ela nos levará às repressões, opressões, rejeições e outros conflitos encobertos pela consciência. Nosso papel, como “cuidadores das emoções”, é ajudar as pessoas a confrontarem seus conflitos encobertos, ampliarem e integrarem as partes excluídas da percepções de si (ego), a fim de que possam usufruir do prazer, da sexualidade e assumirem suas escolhas que, nos casos de gêneros não binários, implicam em entender aonde se encontram no longo da linha existencial que define gênero. Porque, francamente, natural do ser humano é sentir prazer das formas mais variadas possíveis.

Continua no próximo Post

[1] Esta é minha percepção clínica do fenômeno, apoiada na metodologia clinica da Análise Psicodramática, como referência principal.


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