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  • cecilialeitecosta

OS DOIS PILARES MOTIVACIONAIS

Atualizado: 28 de dez. de 2022

Dando continuidade ao Posts anteriores, necessidades materiais limitam as possibilidades de escolhas dos indivíduos para rumos na vida, obviamente. Mas, por outro lado, ajudam no desenvolvimento de um Ego mais forte para lidar com os desafios e dificuldades da vida, fazer escolhas e arcar com as consequências dessas escolhas[1]. Voltando para a clínica, nos referimos anteriormente ao Ego como nossa “parte saudável”[2], i.e, a dimensão do Self (eu) que abarca o modo como nos sentimos e nos percebemos como seres que interagem, fazem projetos e dão sentido às próprias vidas. Nesse sentido, dizer que um Ego é forte é assumir que ele tem suficiente autocontenção. É verdade que autocontenção pode soar como algo negativo, mas isso não é necessariamente verdadeiro. A super-contenção é negativa- é o acontece nas repressões sexuais, por exemplo. Mas a falta de autocontenção também é negativa, já que é ela que nos permite lidar com a nossa ansiedade, entre outras coisas[3]. Por conseguinte, ter o nível necessário de autocontenção para lidar com as circunstâncias seria uma boa definição de saúde mental/emocional. Isso é o que permite que as pessoas conheçam suas motivações e confiem que podem seguir em frente, em busca dos seus sonhos, i.e, da realização de seus desejos e necessidades. O que não quer dizer que necessidade de sobrevivência seja compulsória para a desenvolvimento de um Ego forte. Há milhares de pessoas com necessidades materiais e sofrendo com transtorno de pânico, por exemplo, assim como outras, que nunca sofreram necessidades materiais e foram ou são saudáveis, criativas. Esse tópico será desenvolvido nos próximos Posts. Partindo dessa premissa, e plausível concluir que as motivações pessoais são, grosso modo, divididas em dois pilares principais- vontades (desejos) e necessidade (sobrevivência). A necessidade acaba sendo fator propulsor para que as pessoas possam se manter e lidar com suas vidas. A necessidade também faz com que as pessoas aprendam a ter planos mais claros, posto que precisam ser alcançáveis. Isso ajuda as pessoas a terem expectativas mais alinhadas à realidade, o que, por sua vez, auxilia no planejamento de cada passo, na avaliação de riscos das escolhas feitas. Outro dado importante: escolhas, em geral, implicam ganhar coisas e renunciar a outras. Essa evolução (da capacidade de planejar), cria um ciclo virtuoso, no qual as pessoas inevitavelmente se depararão com fracassos e vitórias e, ao longo do processo, aprenderão a buscar os meios para alcançar seus objetivos e conhecer a sensação de gratificação pelas conquistas pessoais. Por outro lado, são os desejos que direcionam as pessoas e estão na base das suas motivações. Conhecer seus reais desejos é uma tarefa árdua para qualquer um, a despeito das necessidades, mas é, também, o que gera motivação e combatividade para a busca realização deles. O que está culturalmente diferente é a expectativa criativa e assunção transitória dos projetos de vida.E, quando se tratar de pessoas já inseguras, isso talvez funcione como álibi para postergar a entrada no mercado de trabalho. O receio de correr riscos alimenta um ciclo de vulnerabilidade[4]no qual acabam caindo, por não terem feedback sobre suas competências, habilidades e pontos fracos, se tornando, cada vez mais inseguras. E como isso está ligado à ansiedade?

Continua no próximo Post [1] Para mais detalhes ver Post 9- A transição dos Millennials para Centennilas- Novas aspirações de vida. [2] Para maiores detalhes ver Post 4- Cultura e Ego. Em: Influências culturais na identidade. Em: www.ceciliapsicologa.org [3] É importante salientar que nos estamos nos referindo a indivíduos com patologias que resultam em falta de autonomia/independência. Nos referimos a pessoas potencialmente saudáveis e criativas que, entretanto, se sentem perdidas e não conseguem encontrar uma direção para a vida. [4] Estou usando o termo criado por Sheinkmen, M., para diagnosticar crises em terapias de casais. Em: Ciclo de Vulnerabilidade: Trabalhando com impasses na terapia de casais. Michelle Skeinkmen, CSW e Nona Dekoven Fishbane. In: Proc., Vol 4, Setembro 2004.


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