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  • cecilialeitecosta

O EGO SEM CONTORNO

Atualizado: 12 de mai. de 2021

Como vimos anteriormente, Ego é o conjunto de valores- conceitos, ideias, opiniões- e gostos que constitui nossa percepção de nós mesmos. É por meio dele que podemos nos socializar preservando a integridade psíquica. Ego é, por conseguinte, nossa “parte psíquica saudável”. Ao pensarmos na pauta de referências de conduta (chão psicológico social) dos sujeitos “super-egoicos”[1][2], encontramos valores ligados à esforço, disciplina, condutas mais repressivas no que toca a limites, hierarquias e aspiração à sabedoria (ídolos- mais velhos). Para Freud o que organizaria um Ego saudável seria a capacidade para amar e trabalhar, ou seja, o horizonte de vida almejado tinha como polo de gravitação a família e profissão. Naquele contexto, fazia sentido pensar em uma psicoterapia de descompressão (que afrouxasse ou descomprimisse egos enrijecidos com necessidade de expansão). Essa psicoterapia era a Psicanálise. Mas se pensarmos no contexto dos Milennialls, isso ainda faz sentido? Àquela altura o chão psicológico social dos pais (boomers) já havia mudado. E o chão psicológico (Ego) dos Millennials é inteiramente diferente: há muito menos tabus com relação à sexualidade, menos limites, repressão e mais condescendência da parte dos pais para com os filhos. Vejam bem, superego como instância simbólica – função paterna ou de quem exercer a função de frear a onipotência do bebê e dar-lhe limite- continua a existir. A repressão sexual como clima introjetado e a contenção como modelo identitário é que caem em desuso. Ao contrário do ego reprimido anterior, o ego millennial pouco tem para se expandir, descomprimir. Falta-lhe contenção. Mas precisamente, falta-lhe continência interna (auto-continência). Na AP chamamos esses indivíduos de clientes para terapia de contorno[3]. Essas pessoas, ao contrário das reprimidas de antes, têm dificuldades com obrigações e nas áreas que exijam esforço, empenho e disciplina. E se, por um lado, os horizontes (rumos para a vida) não são mais “dados” (há inúmeras possibilidades), por outro lado, existe o incentivo e a expectativa (familiar e social) do encontro das motivações pessoais para rumos para vida. Isso passa a ser chão psicológico social, i.é, passa a ser naturalizado. E isso importa porque se torna fator de desestabilização psicológica. Estamos falando de pessoas que crescem se percebendo como livres para experimentar (estética e existencialmente), questionar, contestar, mas que têm dificuldade em se sentirem responsáveis pela direção das próprias vidas.

Continua no próximo Post

CONTOURLESS EGO

As we were saying on the second Post, Ego refers concepts, ideas, opinions and taste, i.e, the baggage that holds our self-perception. It operates through anguish contention, which enables socialization by keeping psychic integrity. It works, therefore, as our “health mental part”. If we think about the “moral script” (psychological ground) of individuals on “superego time”[1] [2](Freud’s time) we find out strength, discipline and more repressing behaviors regarding limits, hierarchies and reverence towards older idols (wisdom). In fact, for Freud, to love and to work would make life meaningful. Thus, the purpose of life should be found in making a family and having a job. In that context, made perfectly sense to think of a decompression psychotherapy (that would relax rigid Egos eager for expansion). This psychotherapy was Psychoanalysis. However, if we think of Millennials context, does it still make sense? At this point boomers psychological social ground is gone. Millennials psychological ground is utterly different: there are less taboos related to sexuality, less limits, less repression and more indulgence from parents. Attention: Superego as Symbolic Instance continues to exist. Sexual repression and self-restraint as identity models have become outdated. Instead, Millennials have a little to expand or decompress. They lack contour. More precisely, they lack internal emotional continence. In PA we grasp this new picture as one for a contour psychotherapy. Repression is not the “first thing” in Millennials’ personalities. They have difficulties with obligations, commitment and discipline. Hence, if the purpose of life is not “given” anymore, on the one hand ,family and social expectation of personal motivations are highly expected, on the other. It turns into a new social psychological ground. And it matters because it also turns into a psychological issue (destabilizing one). We are talking about people who grow up taking sexual and existential freedom for granted. They feel free to inquire and contest but have difficulties with feeling responsible for their life direction. To be continued on the next Post



[1] Superego is a concept created by Freud to explain the moral civilization boundaries that are taken for granted. He refers to fathers’ role as a symbolic function in giving limits to exclusive attention babies use to demand from mothers. It is as a mark of first experiences of frustration, which are crucial for the babies healthy sociability later on. In a second phase Freud changes his view and focus attention on death Instinct. From that time on, Superego semantically slips to act as an autonomous, guilty and, eventually, sadistic energy towards Ego. According to La Planche, Superego acts “(…) like a judge or censor regarding Ego. Freud sees moral consciousness , self-observation and building of ideals as Superego functions”( free translation) la Planche and Pontalis. 2001. Psychoanalysis Vocabulary. Martin Fontes: 497-300. [2] See also VII Block. Episode 2.Adolescence in Digital Era. Part 1 in: Talking about Psychology with Cecilia Leite in YouTube





[1] Superego é o conceito criado por Freud para explicar a construção dos limites morais civilizatórios que são sentidos/percebidas como naturais. Ele alude à função simbólica do pai na instauração do limite à “exclusividade” da mãe para o bebê como o marco das experiências de frustração e limite que serão básicos para a convivência social saudável do criança mais adiante. Ele atua também, segundo La Planche, como “(...)um juiz ou censor relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do Superego”. Laplanche e Potalis.2001. Vocabulário da Psicanálise. Martins Fontes:497-300. [2] Ver também Bloco VIII-Episodio 2-Adolescência na Era Digital. Parte 1 em:Falando de Psicologia com Cecilia Leite-YouTube [3]Dias, V.S. O perfil do cliente atual em: Vinculo Conjugal na Análise Psicodramática.(2000). Agora. SP p-158-185


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