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  • cecilialeitecosta

LIMITES E CONTORNO 2- REFERÊNCIAS INSTÁVEIS, EGOS EXPANDIDOS E ANSIEDADES

Atualizado: 25 de jan. de 2023

Dando continuidade aos Posts anteriores, os adultos jovens de hoje foram criados expostos à muita informação, criatividade e a horizontes de vida expandidos. Esse contexto teve como efeito positivo tornar as pessoas mais sensíveis à diversidade ou às diferenças. Um exemplo disso é como empatia se tornou um termo comum na linguagem corrente nas últimas gerações que, ademais, implica em atitudes/comportamentos socialmente esperados e cobrados. Na outra ponta, a expansão dos horizontes de vida e a “assunção” da criatividade como norte para o rumo da vida naturalmente trouxeram mais possibilidades e dúvidas no que concerne às escolhas(projetos) de vida. A grande palheta de possibilidades de escolha traz novos desafios para os pais Millennials porque eles não dispõem de referências estruturadas sobre como orientar seus filhos como eles tiveram na infância deles[1]. Eles são pais compreensivos, mas eles próprios não são modelos identitários para os filhos. A transitoriedade dos modelos está associada ao aumento das angústias existenciais e às novas ansiedades. Por fim, um efeito psicológico desse contexto é a hesitação. Isso não é bom ou ruim per se, é consequência de um contexto em que as pessoas que não contam mais com caminhos pré-estabelecidos e modelos de educação hierárquicos. Logo, as pessoas têm mais dúvidas vindas das muitas possibilidades de escolha e os pais têm dúvidas porque não têm um script estabelecido de criar os filhos “apropriadamente”.[2]

Isso não é um julgamento de valor e não há resposta simples para isso. Esses são desafios reais trazidos pelas mudanças socioculturais que causam ansiedades proporcionais até novas regras sociais se tornem tácitas, ou seja, um novo “chão psicológico social” se estabeleça. E, vale salientar, contexto cultural sozinho não causa ou explica ansiedades. No que concerne a esse tópico, mantendo o foco nas influências culturais na formação da identidade, o que atestamos clinicamente é que, quando os limites não vêm de fora (do mundo externo), eles vêm de dentro (do mundo interno, na forma de sintomas). Portanto, a despeito da força de Ego, muitas possibilidades para o futuro são, por si só, um panorama propicio à angústia. Além disso, ter experiências de muita expansão/possibilidades e nenhuma restrição ou limites, potencialmente alimentam a ansiedade. E quando os ciclos de vida exigem definições, se as pessoas não conseguem escolher e não tem nenhuma restrição externa (vinda dos pais ou financeiras, por exemplo), elas podem encontrar um solo fértil para uma vasta gama de sintomas pervasivos que são o resultado das suas neuroses (fuga, sabotagens, negações) misturadas com as suas angústias existenciais: “Quem sou? O que eu quero? Para onde vou?”.

Concluindo, grosso modo, essa é a nossa hipótese para entender em que ponto as mudanças culturais, a instabilidade dos caminhos para o futuro (projetos de vida transitórios), egos expandidos e novas ansiedades estão entrelaçados. E como lidar com esses novos sujeitos na clínica atual?

Continua no próximo Post


[1] Para maiores detalhes ver Post Baby Boomers e Psicanálise. Post 6, Millenials - Geração Y e Post 7- O Pós-superego e a crise de autoridade, in: Influências culturais na formação da identidade. In: www.ceciliapsicologa.org. [2] Isso não quer dizer que não existam condutas e comportamentos socialmente adequados e apropriados . Quer dizer que a natureza dos modelos de hoje é instável.

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