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LIMITES CONTORNO 3- NÃO É SOBRE PUNIÇÃO, É SOBRE CONSEQUÊNCIAS

Atualizado: 7 de fev. de 2023

Dando continuidade aos Post anteriores, vamos retornar à perspectiva clínica e as mudanças subjetivas resultado de mudanças culturais, ainda com foco nas novos modelos de criação. Para tanto, vamos recuperar o a noção de contenção como proteção ( lembremo-nos das imagens da pessoa ansiosa como um balão de encher de não consegue parar de se expandir e de limite como uma tela de proteção para janelas). Uma das maiores dificuldades dos pais hoje é como navegar entre diálogo, conselhos, apoiar os filhos, mas também dizer “não”. (Vivemos em tempos em que é fácil se informar em plataformas digitais, mas também incerto, visto há inúmeras informações, muitas das quais sem fundamentação ou comprovação, tanto clínica quanto literária). Esse contexto talvez tenha um papel no desenvolvimento de atmosferas psicológicas nas quais apoio é confundido com hesitação e crianças e adolescentes testam os pais nesse ponto, porque não têm consciência das consequências dos seus atos. Adolescentes, especificamente, estão cheios de testosterona, querem explorar o mundo, experimentar e estão intelectualmente prontos para argumentar e brigar pelo querem, mas certamente não estão prontos para alguma consequência desastrosa de atos irrefletidos. Receber “nãos” com fundamentos talvez frustre os crianças/adolescentes, mas não os reprime. Ao contrário, a frustração é necessária para prepará-los para o mundo adulto e, podemos atestar clinicamente, vai certamente ajudá-los a aceitar limites externos. É importante salientar, falta de contenção (autocontenção) não é sinônimo de falta de limites. Ter limites, entretanto, ajuda no desenvolvimento de autocontenção. No que concerne a esse tópico, o que, em geral ajuda os pais e substituir (sentimentos de) culpa por (conceitos de) responsabilidade e consequências. É difícil dar conselhos genéricos para pais ou filhos, porque cada família tem uma dinâmica própria. Entretanto, grosso modo, de uma perspectiva psicológica, passar para os filhos a importância de se responsabilizarem por seus atos os ajuda a internalizar a segurança para buscarem o que desejam (e lutar por isso), entendendo que nem sempre serão bem-sucedidos, mas, muitas vezes, serão. Dessa forma, eles internalizam o sentido de responsabilidade que vem juntamente a sensação de reconhecimento e gratificação, quando alcançam seus objetivos. É a isso que nos referimos quando falamos em desenvolver uma atmosfera de confiança genuína eeda parte dos pais nos filhos e isso é, na nossa opinião, o ingrediente mais importante para que as crianças/adolescentes desenvolvam autoconfiança/força de Ego. Bem, se isso não for suficiente para definir estados emocionas saudáveis, mal não fará. Portanto, a despeito das especificidades de cada família, autocontenção é um conceito crucial (e sutil) para descrever equilíbrio emocional. Super-contenção talvez reprima os filhos. Super-proteção certamente os enfraquece[1]. Um nível equilibrado de contenção que vem, numa certa medida, de limites, é precioso para o alcance de relações saudáveis. Encontrar o equilíbrio entre “sims” e nãos” talvez seja uma boa dica. A justa medida não tem forma pronta. Mas é daí que vem a ourivesaria de criar alguém para o mundo

Continua no próximo Post

[1] “Lembre-se, a confiança é mútua. O grau em que seus filhos podem confiar em você será refletido na sua própria capacidade de confiar(...) A confiança em crianças também foi associada à retração social e solidão. Se não nos sentirmos dignos de confiança na infância, isso não é superado. Crescemos achando que não somos confiáveis e aceitamos isso como um traço da nossa personalidade(...) (...) Eu percebo que é difícil para os pais projetar uma sensação forte de confiança que dê independência para os seus filhos. O que eles costumam projetar é medo. Eles pensam que o filho vai ter medo de dormir sozinho, que ele precisa dos pais, que ele não consegue fazer isso sozinho(.... Você quer que seu filho queira estar com você, não que ele precise estar com você ( Wojcicki, Esther. Como criar filhos para o mundo (p.69 e 75) Fontanar. Kindle Edition.



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