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  • cecilialeitecosta

IDENTIDADE SEXUAL-TRANSIÇÃO PARA PUBERDADE

No ensaio anterior comecei a desenvolver as premissas da Tese Tronco da TPC[1]:

a distinção entre Sexualidade e Identidade Sexual[2] e, em paralelo, o entrelaçamento dos dois primeiros com a Espontaneidade. Trata-se de conceitos de naturezas distintas e complementares. Eles se entremeiam por meio das energias feminina e masculina na formação da Identidade dos sujeitos. Nesse ensaio, discorrerei sobre a formação da Identidade Sexual

A Identidade Sexual começa a se formar na puberdade com a chegada da segunda fase cenestésica e o surgimento dos hormônios sexuais e da energia sexual, por volta dos nove, dez anos e vai até os 13,14 anos, mais ou menos. Nos ensaios anteriores introduzi a intensidade dessa fase e sua relevância para o desenvolvimento da identidade. No início dessa etapa, o universo de pertencimento da criança ainda é o infantil. A energia sexual a coloca em contato com excitações e sensações desconhecidas que, muitas vezes, trazem medos inexplicáveis, pois remetem ao desconcerto diante das novas sensações. Instaura-se a necessidade de voltar a energia psíquica que estava investida fora de si (na socialização) “para dentro” ou para o “mundo interno” novamente. Dar conta das novas sensações é o grande desafio desse momento. O contato íntimo com o prazer advindo da manipulação das zonas erógenas talvez já fosse conhecido pela criança. A masturbação surge, de forma reeditada, com um papel diferente: de descarga da energia sexual e será a principal via de descarga dessa energia nessa etapa, visto que pré-adolescente ainda não sabe como descarregá-la com outro corpo. Se a criança já conheceu o contato íntimo com o seu corpo, ainda que sem energia erótica, ela conhece o prazer vindo da manipulação das zonas erógenas. Isso facilita a iniciação na sexualidade, que começa pela exploração do próprio corpo. Dias denominou essa fase de auto-sexual. No núcleo familiar, começa a haver necessidade de privacidade, condição para o desenvolvimento e cultivo da intimidade. Construir a privacidade demanda um enorme esforço do púbere porque ele deixa de contar com as referências que funcionaram como solo de sustentação ou o chão psicológico, até então. Ele evita compartilhar coisas íntimas com a família porque se sente exposto e teme que aquelas sensações ou sentimentos sejam moralmente condenáveis e impliquem em proibições que o novo corpo, em ebulição, não têm condições de aquiescer. Continua no próximo Post

[1] TPC é a sigla para Teoria da programação cenestésica,. A fase cenestésica corresponde à fase pré-verbal e é núcleo da metodologia da Análise Psicodramática, desenvolvida por Vitor Dias , minha principal referência metodológica [2] De agora em diante me referirei à Identidade sexual pela sigla I.S.


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