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  • cecilialeitecosta

FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE- FASE CENESTÉSICA

Nos ensaios anteriores discorremos sobre os aspectos constituintes da Identidade e as angústias que permeiam o seu desenvolvimento. Distinguimos as angústias típicas da formação da identidade sexual das relativas à vida sexual de forma mais ampla e refletimos sobre as influencias culturais na formação dos Novos Egos. Para tanto, lançamos mão do paralelo entre a Psicanálise a Análise Psicodramática (AP[1]), nosso referencial, a fim de dar relevo à correlação entre o inconsciente-origem dos adoecimentos emocionais (neuroses) -e os aspectos sócio culturais na formação da personalidade. Por fim, nesse ensaio, nos concentraremos nos adoecimentos emocionais contemporâneos. De posse dos quatro pilares da formação da personalidade[2]- aspectos típicos do desenvolvimento da espécie, introjeção de climas e modelos inibitórios (neuroses), influências culturais e vivências próprias, refletiremos sobre como elas se expressam nas angústias contemporâneas. Recapitulando, segundo a AP, o desenvolvimento acontece em duas fases: 1) Fase Cenestésica- maturação dos sistemas fisiológicos básicos: cerebral, neuro-moto, digestivo e urinário e das sensações e emoções correlatas: boca-laringe-saciedade/ satisfação, sistema digestivo-defecação /alivio e sistema urinário-descarga de tensão/ prazer. 2)Fase Psicológica- Desenvolvimento do Ego/Consciência: socialização, aprendizado (papeis/ comportamentos) e introjeção de modelos. Os traumas/vivências em conflito com o Ego (incompatíveis com a percepção que temos de nos mesmos), são ocultados pela Consciência. Esse forma de funcionar foi denominada por Freud mecanismos de defesa. Existem vários. Eles são inconscientes e atuam, a um só tempo, mantendo a integridade psíquica e reprimindo os conteúdos (ideias/afetos) em contradição com o Eu (Ego).[3] Embora para Dias a primeira Fase Cenestésica seja fundamental para entender o desenvolvimento psicológico, em função da dependência do ser humano como organismo e indivíduo, outras duas fases cenestésicas acontecem no decorrer do desenvolvimento- puberdade/adolescência e menopausa. Por ora nos concentraremos na segunda pelo protagonismo da adolescência na formação do Ego adulto e pela importância da distinção entre as várias formas de apresentação da angústias: circunstanciais, existenciais e neuróticas.- as duas últimas em estreita ligação com puberdade. Dias considera “vivências próprias” todos os eventos introjetados à personalidade (gostos, interesses, traços) que não venham de modelos familiares ou das referências afetivas mais importantes ao longo da infância. Esses são aspectos genuínos da personalidade que podem ser mais ou menos integrados dependendo da relação superegoica que o indivíduo estabeleça com eles.

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[1] Analise Psicodramática e o nome da metodologia criada por Vitor Dias e ensinada na Escola Paulista de Psicodrama, que represento no Rio de Janeiro,. [2] A distinção é didática. As três dimensões são intrinsecamente ligadas e estão presentes desde a gestação, da nossa perspectiva. [3] Para Freud, o “divórcio” entre Ego (parte psíquica diferenciada) a e Id (instintos inconscientes) acontecia em duas esferas: 1) Ego /Eu se contrapõe ao Id, reprimindo-o. 2) Superego se contrapõe ao Ego, atuando como “(...)Juiz ou Censor relativamente ao Ego.” Laplanche e Potalis.2001. Vocabulário da Psicanálise. Martins Fontes:497-300. Para Dias, de forma semelhante, o Ego (psiquismo organizado diferenciado-POD) isola a parte indiferenciada do psiquismo -Id. Se climas inibitórios acontecerem nos primeiros anos de vida - Fase cenestésica - eles interrompem o desenvolvimento harmônico das áreas: sentir, perceber e pensar e resultam na estruturação de padrões psicopatológicos e ficam contidos (bloqueados) na primeira zona de Exclusão. O Ego (POD estruturado), por sua vez, também bloqueia a emergência do Id por meio de mecanismos de defesa que impedem o contato com ambivalências e contradições morais que ameacem à integridade psíquica (conjunto de percepções mais básicas que o indivíduo tem de si mesmo).Esse segundo mecanismo de formação inconsciente acontece a partir da fase psicológica (desenvolvimento do Ego) . Nessa etapa, conteúdos inconscientes ficam armazenados na segunda Zona de exclusão. (In Dias, V.S. Teoria e Pratica. 1986; Dias, V.S Psicopatologia e psicodinâmica na Analise Psicodramática. Vol 1. 2006 ou Dias, in Post 1- Psiquismo e Programação Cenestesica. In Ensaio 5-Angustias, in: www.,ceciliapsicologa.org.


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