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cecilialeitecosta

FASE HETEROSSEXUAL versus ORIENTAÇÃO HETEROSSEXUAL-BLOQUEIOS ESTRUTURAIS versus BLOQUEIOS FUNCIONAIS

Atualizado: 24 de ago. de 2020

É importante ressaltar que, para Dias, a Identidade Sexual Idealizada do próprio sexo e do sexo oposto são a condição de possibilidade para a sintonia não somente com os comportamentos associados às descargas orgásticas em um ou outro sexo, mas às energias de impelir (masculina) e acolher (feminina) presentes em ambos os sexos. Embora seja possível associar a escalada erótica num corpo do sexo masculino à ejaculação com penetração (energia de impelir) e o orgasmo, num corpo do sexo feminino, à penetração (energia de acolhimento) nos casos de reprodução, isso não é suficiente para definir a sintonia erótica e sexual nas diversas formas e orientações do desejo/ atração sexual. Portanto, não é a orientação sexual que define o estágio de desenvolvimento da I.S. e, sim, a capacidade de sintonizar com o ser e sentir feminino e masculino incorporadas na formação da Identidade Sexual Idealizada do seu sexo e do sexo oposto, completando a Identidade Sexual adulta. Esse detalhe é crucial porque as angústias ligadas a bloqueios na estruturação da I. S em relacionamentos de orientação homo ou bissexual, muitas vezes, estão relacionados a desequilíbrio ou má-estruturação da complementaridade entre impelir e acolher (combatividade e sensibilidade) que aparecem não somente na vida sexual, mas em outros âmbitos da vida. As angústias associadas aos bloqueios no desenvolvimento da I.S não são “sanadas” com uma orientação sexual x ou y. São resolvidas pela integração dos modelos infantis (Pré-Existentes) anteriormente bloqueados, criando espaço para a incorporação dos modelos performáticos associados a um ou outro sexo e energéticos -sintonia entre impelir-energia masculina- e acolher -energia feminina- em ambos os corpos/sexos. Uma Identidade Sexual madura implica em ter todas as possibilidades de trocas eróticas e sexuais entre dois corpos. Isso define a dança interacional que conhecemos como sexo.

Por fim, é importante esclarecer que os bloqueios funcionais e estruturais implicam em dificuldades distintas para a abordagem clínica/terapêutica. Isso porque, nos casos de retenções, os motivos que levaram ao bloqueio são tão sistematicamente evitados que, na fase adulta estarão, provavelmente, amortecidos. Esses casos não configuram conflito, logo, não geram angústia e não costumam ser trazidos, espontaneamente, como material a ser trabalhado na psicoterapia.

No próximo ensaio discorreremos sobre a compreensão da angústia na formação da personalidade, a fim de introduzir um novo tipo de angústia, que surge na puberdade e sofisticar a compreensão de suas diversas formas de apresentação.


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