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  • cecilialeitecosta

ENERGIA SEXUAL E AMBIVALÊNCIA

Dando continuidade ao Post anterior, à medida que a puberdade se desenrola, o/a púbere busca apoio nos pares de iguais, que têm o mesma idade e sexo e passam pelas mesmas esquisitices e novidades. É um momento de sigilo, confidências, de grande intensidade emocional e de idealização. A grande necessidade é, por um lado, confiar em quem pode “entendê-lo/a” em primeira pessoa (saber e sentir como ele/a) e se espelhar em quem pode ser um novo exemplo a ser admirado, por outro. Nesse momento, suas majestades: papai e mamãe”, caem do trono e exemplos de sucesso e status do contexto cultural ao qual eles pertencem são os candidatos a serem modelos identitários a partir de então: professores, astros, celebridades, etc.. Esse momento é crucial porque, no processo de busca pela identidade própria/adulta, o púbere começa a se descolar do “binarismo moral” que configura o universo infantil- sim e não, certo e errado, bom e mau, preto e branco e a entra em contato com ambivalências afetivas. A segurança psicológica oferecida pelos pais e formadores na infância, entra em xeque.

Além disso, um salto intelectual é propiciado por mais uma informação do banco de dados: a ampliação do raciocínio ou, em outras palavras, a sofisticação do pensamento. O dueto que compõe a nova condição psíquica: necessidade de escoamento da energia sexual e novas condições argumentativas, traz consigo a ambiguidade moral. A tese forte da A.P[1] é que a energia sexual está na origem das inquietacoes emocionais e anseidades do pubere, em grande medida. É o momento em que o universo moral e estético da infância caduca e a angústia, direcionada ao projeto de busca pessoal (iniciada nos primeiros anos de vida) volta a ser acionada. A estabilidade emocional conquistada até aqui, cai por terra. Ao longo da infância, o universo de pertencimento é dado pelos cuidadores. A criança convive nos espaços estipulados para ela e, grosso modo, essa é a forma em que o mundo se apresenta. A puberdade exige uma adaptação severa e, às vezes, traumática, porque a ex-criança se vê sem referências de como sentir e se comportar. A energia sexual emerge como uma força sem precedente.

Em termos do desenvolvimento da espécie em contexto, o outro desafio é colocar o adolescente em contato com a transição para um projeto de vida próprio. Esse é o momento de começar a abandonar os modelos morais infantis e buscar novas referências que desafiem o conhecido. Isso é ser um adolescente normal. Essa nova condição psicológica vem acompanhada de uma nova angústia, denominada angústia existencial.

Continua no proximo Post [1] AP é a sigla de Análise Psicodramática, metodologia criada por Dias, V.S , nossa principal referência metodológica.



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