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  • cecilialeitecosta

(DES)MOTIVAÇÃO- UM BREVE COMENTÁRIO DE UMA PERSEPCTIVA PSICODINÂMICA

Atualizado: 19 de abr. de 2023

Dando continuidade aos Posts anteriores, os indivíduos contemporâneos se acostumaram à mudanças e a ter metas transitórias no que toca às direções para as suas vidas. Eles querem novas experiências e a satisfação existencial costuma ser o norte das suas buscas. Dessa forma, o novo repertório identitário precisa incluir perseverança e mentalidade de crescimento. Esse contexto- serem seus próprios chefes, nômades digitais, mudarem frequentemente de emprego, dentre outras coisas que passaram a ser centrais na formação da personalidade e das aspirações sociais- contribuiu para o que chamamos de estado mental de prontidão permanente para a mudança. Esse estado pode parecer com ansiedade, porém, nesse contexto, se trata de uma ansiedade proporcional aos estilos de vida mutantes. Na nossa visão, seria mais preciso entende-lo como um estado de constante expectativa[1]. Dito isso, vale a pena comentar, sucintamente, o papel da motivação na cultura atual. A grande quantidade de informação disponível on-line e a cultura do aprenda sozinho/empreenda, são lagumas das razões para a explosão de teorias sobre motivação. Uma discussao filosófica mais aprofundada sobre as diferentes vertentes da motivação excede o nosso conhecimento e propósito. Tendo em vista que nosso objetivo é refletir sobre as psicopatologias, baseadas numa perspectiva psicodinâmica, assumimos que a motivação, nos seres humanos, é baseada em desejos(drives). Quando as pessoas têm consciência desses desejos, dizemos que ela agem intencionalmnete para alcançá-los- e dentro do “pacote dos desejos” incluimos crenças e outros conteúdos afetivos que possam funcionar como agentes motivacionais para “atos intencionais”-[2]. Entretanto, comportamentos também podem ser motivados por desejos incoscientes e isso importa porque eles podem estar associados a sentimentos encobertos como ressentimento, dentre outros, que podem atravessar o caminho das pessoas impedido-lhes de, de fato, se expandirem. Esse pode ser o motivo que os deixa estacionados em uma fase da vida, com a sensação de não conseguir avançar, a despeito dos feedbacks positivos e da força de ego que possam ter tido para alcançar suas ambições. Muitas vezes, o que está na base dessas situações é falta de auto-estima. Isso, porém, não costuma ser claro, tanto para o clientes quanto para os terapeutas, especialmente se as pessoas tiverem uma consideravel parte saudavel para alcancar boas performances. Para esclarecer e avançar é preciso entender a queixa dentro da história/evolucão dos sintomas da pessoa. Isso quer dizer que o mesmo sintoma pode ter acompanhado o indivíduo desde a infancia ,ou ter siod substituído por outro sintoma, com a mesma função psicológica ou, ainda, que o Quadro tenha se encerrado e o cliente procure a terapia por queixas relativas a outra fase do seu desenvolvimento. Essa estratégia é indispensavel para mapear a origem emocional de um sintoma ou padrão disfuncional, entender como ele se instalou e qual seu eventual papel nos sintomas atuais das pessoas. Acreditamos que, dessa forma, a terapia contribui pra que os clientes possam encontrar caminhos (metas/ambições) mais alinhados com seus desejos, necessidades e valores, além de terem a forca de vontade (moticação) para conquistá-los. Para ilustrar o que queremos dizer, usaremos dois exemplos de rapazes executivos na casa dos30 anos. [3]Pedro[4] tem uma carreira como executivo de uma garnde empresa e relata que sua motivação principal, além da necessidade, era se sentir reconhecido por suas conquistas. Entretanto, convive com um quadro de ansiedade permanente e busca terpaia por causa de ataques de pânico. João, outro executivo na casa dos 30 anos, também tem uma carreira sólida como executivo. Ele não tem um diagnóstico de transtorno emocional claro, mas se considera extremanente ansioso e, no final das contas, busca a terapia porque não consegue se sentir em paz. É importante investigar que forças internas estão atuando dentro deles, cuja consequência é a permanente insatisfacão com as próprias performances, a despeito do feedbacks positivos. Lembrando dos dois pilares motivacionais- necessidades e desejos[5], muitas vezes a necessidade de sobrevivência faz com que as pessoas desenvolvam força de ego para construir grandes carreiras, embora nem sempre elas se sintam felizes com elas. Outras vezes, saber o que querem (contato com os próprios desejos) não é o maior problema, mas ter auto-confiança para busca-los é a real dificuldade. Em ambos os casos é muito comum que as pessoas não tenham consciência disso e esse é o campo de atuação da neurose. O sintoma é apenas a porta de entrada que leva às auto-sabotagens, fugas, negações da realidade e outros mecanismos inconscientes que funcionam como obstáculos para que eles não entrem em contato com conflitos encobertos e/ou conteúdos difíceis de se confrontar. Mas, são, também, o que lhes impede de se conectar com o potência que vem dos seus desejos íntimos e com a possibilidade de descansarem e se sentirem em paz com o trabalho feito até então. Continua no próximo Post [1] Para mais detalhes ver Post 9-Transição dos Millennials para Centennials- Novas aspirações de vida; Post 10- Os dois pilares motivacionais e Post 16- Centennials- multitarefas pensando fora da Caixa, in: Influências culturais na formação da identidade. In: www.ceciliapsicologa.org [2] Miller C (2008). "Motivation in Agents". Noûs. 42 (2): 222–266. doi:10.1111/j.1468-0068.2008.00679.x.In: Wikipedia.en.com [2] Mele AR (2003). "7. Motivational Strength". Motivation and Agency. Oxford University Press. In: https://en.wikipedia.org/wiki/Motivation#cite_note-Mele7-11 . Ibid [3] Usaremos exemplos verídicas para que os leitores possam se identificar, embora as informações são genéricas o suficiente par não lhes expor. [4] Os nomes são fantasia, com o intuito de proteger a identidade dos clientes. [5] Dias, V.S. In: Post 10- Os dois pilares motivacionais. In: Influências culturais na formacão da identidade. In: www.ceciliapsicologa.org.

(Imagem de Carina Oliveto)

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