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  • cecilialeitecosta

CLÍNICA CONTEMPORÂNEA- ABORDAGEM PSICODINÂMICA E ESTRATÉGIAS COMPORTAMENTAIS

Atualizado: 11 de mai. de 2023

Dando continuidade aos Posts anteriores, as estratégias clínicas para psicoterapias que consideram causas inconscientes de sintomas/transtornos emocionais, deveriam se basear dois pilares: 1) trabalhar os conflitos na gênese dos sintomas, por exemplo, de doenças psicossomáticas, disfunções, padrões psicopatológicos etc. Isso demanda investigar conflitos encobertos que exigem processos psicoterápicos mais aprofundados. 2) Conduzir processos que ajudem a desenvolver autocontenção, que não decorre apenas da falta de limites, mas também de um mundo em constante mudança. O trabalho dos psicoterapeutas comprometidos com um entendimento psicodinâmico, na maior parte das vezes, não é e “descomprimir” egos “super-contidos”. Ao contrário, é ajudá-los a desenvolver autocontenção. Foi isso que Dias chamou de terapia de contorno[1]. Por fim, dizer que temos hoje mais indivíduos sem contorno do que sexualmente reprimidos não significa dizer que os superegos de hoje estão enfraquecidos. Ao lado dos antigos reprimidos sexuais, os novos superegos se apresentam em novos termos. De acordo com Dunker, há novos parâmetros de inclusão e exclusão social que funcionam como “superegos prescritivos”. Eles se apresentam em demandas de renovação constante das relações profissionais, sexuais e amorosas[2]. Essa talvez seja a forma com que as expectativas sociais sejam, eventualmente, sentidas como opressoras hoje em dia. E a neurose, muitas vezes, se dá no processo em que a pressão/expectativa social se torna pressão interna. No que diz respeito a esse aspecto, Freud ainda e uma referência atualizada. A natureza das relações se tornou instável. Esse é o novo chão psicológico social e ele traz angústia, especialmente no que toca a escolha de direções mais duradouras para a vida. Esse é o aspecto novo nos sujeitos de hoje, quando comparados aos da época de Freud. De qualquer forma, nosso interesse e pensar no sofrimento emocional das pessoas atuais, e em como todas essas mudanças e o novo Zeitgeist impactaram as pessoas. Esse e o tema do próximo ensaio. Na nossa visão, as estratégias psicoterápicas para os adolescentes e adultos de hoje são: 1) além de trabalhar as neuroses, ajudá-los a encontrar referências genuínas em mundos internos muito flexíveis, assim como ajudá-los a encontrar caminhos autênticos. No que toca às neuroses, uma vez que os conflitos encobertos tenham sido mapeados e os modelos desbloqueados, é pertinente e mais provável que estratégias comportamentais funcionem com resultados mais duradouros, i.e, sem reincidência dos sintomas[3]. É claro, cada pessoa tem um ritmo, mas mapear os conflitos encobertos, em geral, ajuda os clientes a saírem de padrões de sabotagem e a se sentirem com mais propriedade/controle das suas vidas novamente. A partir daí, é mais provável que tomem decisões mais alinhadas aos seus desejos e valores. 2)No outro pilar, nosso trabalho é ajudá-los a navegar pela instabilidade de forma que a liberdade de escolhas e possibilidades não se dê as custas do encontro de direções mais duradouras, mesmo que elas não sejam fixas. Porque rumos dão sentido e propósito para a vida e não os encontrar traz outras ansiedades/angústias- as existenciais. Na nossa opinião, a chave para o equilíbrio emocional e amadurecimento está na integração do Eu[4][5].

[1] Dias, V.S. in: Perfil do cliente atual (p.158-185). In Vínculo conjugal na Análise Psicodramática (2000). Ágora. SP. [2] Dunker, C.S. A vida é sofrença? Em:https://www.uol.com.br/tilt/colunas/blog-do-dunker/2021/01/08/ identidades-fluidas-e-formas-de-sofrimento-no-brasil-digital.htm

[3] As estratégias comportamentais são sempre bem-vindas na psicoterapia, especialmente quando aplicadas a conflitos relacionais e em momentos de crise, nos quais, compreendemos que nossa função seja orientá-los com relação as ansiedades /conflitos circunstanciais/reais. Nossa ponderação concerne as ansiedades/angústias neuróticas, nas quais há considerável probabilidade que as estratégias não funcionem ou tenham resultados de curto alcance (reincidência) e reforcem o sentimento de fracasso dos pacientes. [4]Esse tópico será discutido no próximo ensaio. [5] Dias, V.S. Ibid.


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