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  • cecilialeitecosta

BLOQUEIOS FUNCIONAIS versus BLOQUEIOS ESTRUTURAIS

Dando continuidade ao Post anterior, a relação do indivíduo com a masturbação é importante porque, mesmo com vida a sexual ativa, ele pode ter bloqueios ou retenções no desenvolvimento da I.S aparentemente não associados à sexualidade, geradores de angústias- que são descarregadas por esse canal.

Os bloqueios estruturais e funcionais podem acontecer em uma ou mais fases. Eles acontecem em graus distintos, criando bloqueios ou retenções, parciais ou integrais, em diferentes fases do desenvolvimento sexual.

Os bloqueios funcionais estão ligados às censuras morais: culturais, religiosas, etc. Nesses casos, as pessoas passam pelas etapas de desenvolvimento da I.S, podem se relacionar sexual/amorosamente, mas não conseguem usufruir do prazer sexual, seja individualmente ou nas interações. Esses são casos em que as censuras morais internalizadas atrapalham a exploração erótica do próprio corpo e do corpo do parceiro, visto que o bloqueio/impedimento está no contato com o prazer. São mais facilmente tratáveis porque configuram angústias acessíveis aos próprios sujeitos.

Os bloqueios estruturais, por outro lado, estão associados a traços introjetados na infância dos quais as pessoas não têm consciência e, por isso, não constituem uma fonte de angústia no presente. Nesses casos a censura pode se tornar, por exemplo, “rigidez”, um traço de personalidade que talvez lhes incomode, mas que não é obviamente associado à sexualidade. Retenção, por sua vez, é o termo usado por Dias para descrever o grau do bloqueio no desenvolvimento da I.S. Se os bloqueios funcionais não implicam em impedimentos no desenvolvimento da I.S, as retenções estão sempre ligadas aos bloqueios estruturais no desenvolvimento I.S

Bloqueios estruturais

Bloqueios estruturais são bloqueios na formação dos modelos infantis masculinos e femininos (Modelos Pré-Existentes -MPE). Eles serão responsáveis pelos bloqueios no desenvolvimento da I.S. Eles podem acontecer em função de:

1) Da relação inibitória com os modelos pré-existentes:

Modelos de pais- femininos e masculinos - distantes e/ou indiferentes, em termos afetivos podem impedir parcial ou integralmente a fusão da Identidade Sexual Masculina e Feminina Idealizadas, na puberdade e adolescência. As más formações dos modelos infantis ocorrem em função de:

-Climas inibitórios (não intencionais ou deliberados), cuja consequência é a inibição a espontaneidade da criança. Um desenvolvimento permeado por um ambiente de desvalorização, violência, descaso pode ser o germe da esterilidade criativa. Isso porque a criança não vai querer se parecer com alguém que a trata dessa forma e, dependendo do grau de desapontamento e frustração ela, talvez, fique impossibilitada de reconhecer atmosferas facilitadoras, visto que não teve modelos de afeto e amor introjetados. Para se defender, ela “se blinda” do contato afetivo com os outros.[1]

-Cargas erotizadas dos adultos para as crianças (deliberadas ou não):

Essas também são situações delicadas pois o adulto pode não ter tido, integral ou parcialmente, consciência da erotização descarregada na relação com a criança. A criança fica com essa vivência bloqueada, porque não tinha, naquele momento, condições de integrar a experiência (compreender intelectualmente e reagir, consentindo ou não, à situação)[2].


Continua no próximo Post


[1] O conceito de blindagem, para a AP, pode ser entendido em níveis e graus distintos e será desenvolvido em ensaio posterior. [2] Lembremos da analogia da Tese mestre e suas ramificações com o Tronco de uma árvore e seus galhos. A sexualidade está prescrita geneticamente. Uma das deduções dessa premissa (uma das ramificações desse Tronco) é que não há “erotismo agente” na infância. A criança brinca e tem descargas prazerosas, mas não comportamentos eróticos. Cargas erotizadas por parte dos adultos, contudo, podem ser inibitórias ou assustadoras, ainda que não tenham sido intencionais, porque a criança percebe que há algo de errado ou proibido na situação, mas não tem condições psicológicas (maturidade) para reagir e/oi integrar (elaborar) essa experiência. Ela só estará apta a isso a partir da puberdade.

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