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cecilialeitecosta

ANGÚSTIAS NOS RELACIONAMENTOS

Atualizado: 6 de ago. de 2022

As angústias relativas aos desencontros relacionais e amorosos são despertadas por dificuldades na interação e podem mobilizar os três tipos de angústias: circunstancial, existencial e patológica[1]. As dificuldades se referem aos diversos vínculos que abrangem uma relação conjugal: de amor, de compensação neurótica e o relativo às várias formas de conveniência associadas ao entorno do casal: influência das famílias extensas, contexto profissional e das redes de convivências individuais e compartilhadas entre eles[2]. Entender qual vínculo de sustentação está na base da crise conjugal é fundamental para o diagnóstico correto e para utilização da estratégia clínica correta. De qualquer forma, independentemente de qual vínculo esteja na origem da crise, a estratégia para a terapia de casal se apoia em dois braços:

1) Trabalhar os aspectos neuróticos da relação

O objetivo da terapia é proporcionar um espaço para diálogos francos, nos quais os sujeitos possam entrar em contato com as próprias vulnerabilidades e o terapeuta os ajude a falar sobre eles sem julgamentos. Esse é o caminho para uma nova fase na relação, na qual as pessoas possam se sentir confortáveis para admitir seus aspectos mais frágeis e que, em geral, resultam no desenvolvimento de uma maior intimidade e maturidade na relação. Também chamamos essa etapa de “desencanto”, posto que sua característica central passa pelo processo de desidealização do parceiro e/ou da relação. Uma das técnicas psicodramáticas de escolha nessa etapa é a Inversão de Papéis, com propósito e ajudá-los a se colocarem no lugar do outro, i.é, imaginar “como o outro se sente e reage” em determinada situação.

2) Negociações

Uma vez que os aspectos neuróticos da relação estejam mapeados e devidamente encaminhados para serem trabalhados em terapias individuais, o próximo passo é trabalhar os possíveis acordos entre eles para reparar o que está trazendo desequilíbrio para o relacionamento. É, portanto, o momento de construir o que chamamos de Área Compartilhada. Isto significa entender a relação como algo a parte, diferente das histórias individuais e das redes de convivência individuais e compartilhada pelos indivíduos. Ou seja, entender a relação como algo que eles construíram juntos e que é responsabilidade deles cultivar e manter. O objetivo nessa etapa é ajudá-los a criar regras e gerenciar essa parte da relação que coexiste com as outras áreas da vida deles. Ela é dirigida aos acordos necessários para planejar os a vida do casal dali em diante e para recuperar a confiança na relação.

As angústias relativas ao relacionamento também são distintas entre si. Ao passo que umas estão relacionadas aos desencontros do casal, outras, embora tenham sido disparadas pela relação, dizem respeito as pessoas individualmente. A fim de compreender as angústias de mundo interno que surgem nas relações, as dividimos em dois grandes grupos: angústias na relação com o meio social e angústias na relação com os parceiros sexuais[3]. As angústias geradas pela relação do indivíduo com cultura/sociedade, em geral, vêm associadas à situações de preconceito e discriminação. Cada cultura funciona com um código de padrões e comportamentos que implicam expectativas de performances individuais e sociais. Essas expectativas são externas (da sociedade em relação indivíduo) e internas (do individuo com relação às suas performances). Elas mobilizam angústias circunstanciais visto que são proporcionais aos impedimentos e exigências do mundo real. Eventualmente, também são existenciais se implicarem em revisão ou abandono do projeto de vida. A estratégia clínica para esses casos é orientar e ajudar as/os clientes a lidar com conflitos reais, munidos de bom senso. Isso quer dizer que o trabalho se apoiará no fortalecimento da parte saudável do cliente (egóica) a fim de que eles encontrem saídas autênticas para seus impasses. Uma solução é autêntica (genuína) quando implica a aceitação e a integração da parte excluída da personalidade. A ampliação (integração) do ego diz respeito à consciência dos ônus e bônus das escolhas. Não são os psicoterapeutas que decidem o que seja uma escolha genuína. Ela é saudável à medida em que seja uma decisão pessoal e integrada por parte do cliente.

Continua no próximo Post [1] Para maiores detalhes ver Post 5- Angústia Existencial, in Ensaio 5- Angústias. In: www.ceciliapsicologa.org [2] Para maiores detalhes ver Dias em Diagnóstico Estrutural do vínculo conjugal. In:www.ceciliapsicologa.org. ou Dias, I.S. Diagnóstico Estrutural do vínculo conjugal. In: Diagnostico Estrutural do vínculo conjugal (2000). Agora. SP [3] Para maiores detalhes ver Dias in ensaio Bloqueios no desenvolvimento da Identidade Sexual em: www.ceciliapsicologa.org ou Dias, I.S. Diagnóstico Estrutural do vínculo conjugal. In: Diagnostico Estrutural do vinculo conjugal (2000). Agora. SP


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