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  • cecilialeitecosta

ANGÚSTIAS NA VIDA SEXUAL

Atualizado: 14 de jul. de 2022

No ensaio anterior definimos angústia como falta estrutural- o que norteia ou move a nossa busca intuitiva por um sentido de eu e propósito para a vida. A angústia pode ser definida como falta estrutural porque é resultado do bloqueio de alguma área da estruturação cenestésica (sensória) básica para a formação da intuição, composta pelas áreas: sentir, perceber e pensar. O campo intuitivo se forma por volta dos 2 anos e meio de idade. Angústia é o produto da busca pela completude da área bloqueada que, por sua vez, libera a espontaneidade e criatividade do indivíduo. Angústia, nesse sentido, é, também, o que move a busca sentido e propósito para a vida e, por isso, é chamada angústia existencial[1]. Certamente sentir-se angustiado não é um estado saudável. Entrar em contato com a angústia existencial, entretanto, é crucial para que as pessoas conheçam seus desejos e necessidades íntimas e, por conseguinte, o que as motiva. Outro tipo de angústia é a que está associada aos sintomas psicopatológicos: angústia neurótica/patológica. Ela está sempre ligada à situações/experiências passadas que bloquearam a espontaneidade ou criatividade e tem suas consequências sentidas no presente. Essa angústia está relacionada à sensação de “haver algo errado internamente”, por exemplo, sensações de desencaixe, sentimentos contraditórios ou ambivalentes, etc... Algumas vezes, as pessoas ficam emocionalmente estacionadas numa etapa da vida porque as angústias neuróticas estão misturadas às existenciais, impedindo-as de tomar direções alinhadas e autênticas para a vida. As consequências são desequilíbrio emocional e dificuldades em fazer escolhas pessoais e profissionais saudáveis e integradas.

Diferentes angústias também expressam diversos níveis de conflito. Se os conflitos vêm de impedimentos reais, limitações impostas pela vida que trazem sofrimento proporcional à perda ou desafio circunstancial, eles trazem à tona a angústia circunstancial ou real[2]. Se os conflitos são circunstanciais, mas remetem à quebra do plano diretor ou projeto de vida, podem disparar a angústia existencial. Nesse último caso, embora a angústia seja proporcional às perdas ou dificuldades reais, a sensação é de total desorientação, de “perda do chão psicológico” ou do norte identitário que orientou a vida das pessoas até então. O terceiro e último tipo de angústia é a neurótica. Essa angústia está sempre associada a conteúdos encobertos ou inconscientes e funciona, dessa forma, como motor do aprofundamento na terapia. Os pacientes, em geral, buscam psicoterapia para tratar de conflitos da vida atual e dos quais têm consciência - material manifesto. A dica da neurose (angústia patológica) aparece nos sintomas: transtornos, doenças psicossomáticas, comportamentos disfuncionais ou qualquer indício de descompasso entre sentimentos e ideias (ambivalências e contradições morais) - material latente. Angústias patológicas remetem, por fim, ao sofrimento que não encontra explicação aparente ou suficiente. Ela requer investigação que leva, em última análise, aos conflitos associados aos conceitos que os indivíduos têm de si (narcisismo) e ao rumo que dão (ou não conseguem dar) às suas vidas. Nesse ensaio explorarei as angústias relativas à vida sexual. Vida sexual compreende a experimentação da sexualidade e a exploração do prazer em todos os âmbitos da vida e, portanto, também as angústias relativas a sexualidade remetem aos sofrimentos que impedem a fruição na vida de forma espontânea, criativa.

Continua no próximo Post

[1] Para mais detalhes, ver Post 5-Angústia existencial, in Ensaio 5- Angústias, in: www.ceciliapsicologa.or [2] Tenho seguido a terminologia proposta por Dias, vS. (Análise Psicodramática). Nesse caso, porém, não há diferença significativa entre o termo proposto por ele e o termo originalmente proposto por Freud: angústia real. Usarei as duas como sinônimos.



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