Dando continuidade ao Post anterior, os bloqueios na sexualidade gerados pelos conflitos com o meio são bloqueios funcionais[1]. Esses são casos de repressão moral e sexual cujas angústias costumam estar associadas à sensação de inadequação, fracasso e a segredos na vida sexual (clandestinidade). As consequências desses bloqueios são dificuldades ou impedimento, por parte do individuo, de usufruir da exploração do prazer sexual. Essas angústias, contudo, são mais acessíveis no setting psicoterápico, visto que a causa do sofrimento é conhecida. As angústias na relação com o parceiro sexual são disparadas pela relação, mas independem dele. Algo na relação mobiliza os conflitos ligados à identidade sexual que, por sua vez, estão sempre associados aos modelos infantis bloqueados. Como essas angústias aparecem? Nas situações que suscitam a parte da identidade sexual que está bloqueada. Essas situações são intuitivamente evitadas e, paulatinamente, acabam apagadas da memória consciente e, dessa forma, se tornam conteúdos latentes ou evitados (pela consciência). Essas angústias também são dividias em grupos que Dias [2]chamou de: parceiro Sexual Possível versus Parceiro Sexual Evitado.
O Parceiro Sexual Possível é aquele com o qual é possível estabelecer uma relação erótica e sexual com descarga da sexualidade. Nesse tipo de relação, as angústias podem disparar ansiedades ligadas à embaraços e timidez, por exemplo, e compreende todos os possíveis conflitos que sejam proporcionais aos desafios de estabelecer um relacionamento saudável e duradouro: cobranças, expectativas, medos, insatisfações, culpas, competições, vergonhas. São, por conseguinte, angústias reais.
O Parceiro Sexual Evitado é aquele que mobiliza a parte da identidade sexual que está bloqueada. Logo, ele é o parceiro que causa o tipo de agitação/ansiedade típicas de não saber como se comportar não por falta de interesse erótico ou timidez, mas porque o parceiro aciona a parte da I.S que não está estruturada. Portanto, com o Parceiro Sexual Evitado não é possível estabelecer uma relação sexual com descarga íntegra da sexualidade não por falta de desejo, mas por algum bloqueio que impediu o desenvolvimento completo da identidade sexual. A ansiedade é disparada por algo, na relação, que aciona a parte não estruturada da identidade sexual do indivíduo. Essa angústia é neurótica e está associada a bloqueios na relação com os modelos femininos e masculinos infantis. Os indícios desses bloqueios aparecem em situações ou relações eróticas que são desejadas, mas que geram comportamentos de evitação inconscientes (fóbicos) que podem acontecer numa escalada entre: desconcerto (sem jeito), grande constrangimento e pânico (quadro fóbico propriamente dito). Referimo-nos a esse processo como escalada fóbica.
Continua no próximo Post [1] Para maiores detalhes ver ensaio: Bloqueios no desenvolvimento da Identidade Sexual em: www.ceciliapsicologa.org [2] Dias, V.S e criador da metodologia Análise Psicodramática, meu referencial metodológico mais importante.
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