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  • cecilialeitecosta

ANGÚSTIAS NA ADOLESCÊNCIA CONTEMPORÂNEA-GÊNERO- IDENTIDADE GÊNERO

Dando sequência aos posts anteriores, puberdade e adolescência marcam a chegada da energia sexual e do início do contato com ambiguidades morais e ambivalências afetivas. Esse também é o momento em que um salto intelectual (capacidade lógica e analítica) acontece concomitantemente ao erotismo rumo o amadurecimento emocional[1]. Os adolescentes começam a desenvolver conceitos próprios- diferentes dos da família nuclear – e a terem as primeiras experiências no terreno da sexualidade. É um momento em que é comum se afastarem da família e terem necessidade de privacidade e de experimentar coisas novas e proibidas[2]. Afinal, o que define os adolescentes é a importância de se sentirem socialmente aceitos. É a fase em que costumam estar “para fora”, i.é, com a energia canalizada para a vida social, independentemente das interações serem virtuais. Dentro desse panorama, do ponto de vista clínico, gênero e identidade de gênero têm especificidades na adolescência. Os adolescentes estão em pleno desenvolvimento da identidade sexual. A identidade, no sentido mais amplo do termo, ainda não está consolidada. É um período de experimentação e desenvolvimento. Por isso pode ocorrer que a identidade de gênero mude. Pertencimento social é crucial na adolescência e a identidade de gênero é um modo de pertencimento importantes nessa etapa. Isso não quer dizer que se sentir num gênero que não esteja associado às expectativas sociais de papéis e comportamentos para ele seja somente uma questão de autoafirmação. Quer dizer que não há nada de psicopatológico em experimentar e entender onde se sentem/se encaixam existencialmente. Por outro lado, na prática clínica os casos de orientação homossexual costumam ser menos sentidos como condições transitórias, embora isso também aconteça. As questões ligadas ao gênero, por sua vez, são mais complexas. São condições carregadas de conflitos e muita angústia e costumam surgir na infância, muitas vezes na primeira infância. O trabalho de inserção social dessas pessoas é fundamental para que se sintam aceitos e possam desfrutar de uma vida normal. Mas, no que tange à psicoterapia, também é importante haver espaço psicológico para as contradições e ambivalências. Nem sempre decidir por uma ponta ou outra no espectro resolve os conflitos existenciais e, tampouco, os neuróticos. Em que pese as duras circunstâncias associadas a esses casos, os conflitos associados às questões gênero não são o único aspecto da vida das pessoas. A saída para saúde emocional está, uma vez mais, no trabalho de aprofundamento nos conflitos (dimensão inconsciente deles) que permita integrar os aspectos encobertos ou dissociados da nossa consciência, a fim de ampliar o Ego. Um Ego “ampliado” tem espaço (psicológico) para contemplar o que nos traz vergonha e nos orgulha na nossa personalidade. Tem-se , assim, um Eu “autorizado” a usufruir do prazer (inclusive sexual) de forma genuína e assumir as escolhas. Esse é o caminho para integridade e satisfação pessoal, com responsabilidade. Isso define uma potencia criativa.

Continua no próximo Post




[1] Para maiores detalhes ver Dias: Post 1- Chegada da energia sexual-Fase auto-sexual e Post 2- Puberdade-Privacidade/intimidade. Em: Ensaio 3- Desenvolvimento da Identidade Sexual. Em: http://www.ceciliapsicologa.org [2] Para maiores detalhes ver Ensaio 1- Comportamentos de risco na adolescência. Em:www.ceciliapsciologa.org,

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