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  • cecilialeitecosta

ANGÚSTIAS E BLOQUEIOS CONTEMPORÂNEOS-PÂNICO/TRANSTORNO DE PÂNICO

Atualizado: 4 de jan. de 2022

De acordo com o DSM 5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders):

“Ataque de pânico é o início abrupto de um período circunscrito breve de intenso desconforto, ansiedade ou medo, acompanhado por sintomas somáticos e/ou cognitivos(...)”[1]. Já “(...) O transtorno de pânico é a ocorrência de ataques de pânico repetidos, normalmente acompanhados de medo sobre futuros ataques ou de mudanças comportamentais para evitar situações que poderiam predispor aos ataques. O diagnostico é clínico (...)”.

Dando sequência aos Posts anteriores, para AP[2], ataques e transtornos de pânico não se distinguem somente em termos quantitativos. Ataques de pânico, em termos fenomênicos, se definem por momentos de perda de referência. São instantes de “terror súbito e violento, diante de ameaça de perigo, que desencadeiam comportamentos pouco racionais[3](...)”.

Eles não são aleatórios. Perda de referencia está associada a sensação de perda da identidade.

Se, por exemplo, os ataques acontecem com João[4] e estão associados a sua “fobia de avião”, é preciso investigar os conflitos na origem da fobia. Digamos que sejam memórias conflitivas ligadas a um clima de opressão. João pode desenvolver comportamentos para lidar com os ataques de pânico em viagens e, entretanto, desenvolver claustrofobia ou crises de rinite crônicas- ambos deslocamentos sintomáticos para descarga da sensação de “falta de ar” (opressão) não resolvida. Em outro exemplo, José pode treinar estratégias (bem sucedidas) para lidar com os tics que aparecem em situações de stress (comumente em reuniões de empresa em que trabalha) e desenvolver gagueira (ambas descargas para climas internos associados à ambiguidade/hesitação). É necessário investigar a angústia de pano de fundo. Localizada a angústia de base, rastreia-se a “história do sintoma”. Uma vez que a pessoa esteja consciente do conflito original, ele é trabalhado na esfera psicológica e deixa de ser descarregado no corpo. Essa é a hora de se expor, com retaguarda da psicoterapia, às situações que antes disparavam comportamentos ansiosos ou fóbicos. A estratégia é a mesma usada para as angústias relativas à identidade sexual. A diferença está em entender qual angústia jaz na base da formação do sintoma. O transtorno de pânico, por sua vez, se define pela sensação de “perda de chão”. Embora os comportamentos sejam desproporcionais à realidade, são proporcionais à perda do chão psicológico[5]”. Não é por acaso que quadros de pânico com potencial para se tornarem transtornos de pânico comecem a se insinuar na puberdade e eclodam, em sua maioria, no término do segundo grau (passagem para a vida adulta). Esse é o estágio do desenvolvimento em que as identidades infantis estão se transformando e o “chão psicológico” nessa fase é, por natureza, instável. Na idade adulta, as situações/condições disparadoras de Transtornos de pânico estão ligadas à interrupção abrupta do projeto ou direção da vida: perda de emprego, entes queridos, em suma, o que quer que caracterize o chão psicológico/identidade da pessoa. Assim como nos ataques de pânico, a estratégia consiste em investigar a angústia de base e chegar ao(s) conflito(s) na origem do sintoma. Tanto os ataques quanto os transtornos de pânico mesclam os três tipos de angústia: neurótica- proveniente de climas de ameaça desproporcionais à realidade-, existencial- relativa ao propósito para a vida- e circunstancial- relativa às consequências dos sintomas para a vida da pessoa no presente: embaraço e constrangimento, perda de oportunidades sociais e profissionais, isolamento, etc..

Continua no próximo Post

[1]Dsm5- [2] AP e a sigla de Abalise Psicodramatica, meu referencial metodológico. [3] Infodepia.pt [4]Os nomes e os casos são fantasia (hipotéticos). Semelhanças com casos reais são coincidências. [5] Para maiores detalhes ver: Post 2-Ego versus Identidade, em Ensaio 6-Influencias culturais na formação da Identidade. Em: www.ceciliapsicologa.org. Post 4- Energia sexual e ambivalências e Post 5-Angústia Existencial, em : Ensaio 5-Angústias e adolescência. Em:www.ceciliapsicologa.com. Bloco VIII-Vídeo 1- Instabilidade emocional na adolescência. Em Falando de psicologia com Cecilia Leite. Em: YouTube


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