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  • cecilialeitecosta

ANGÚSTIAS CONTEMPORÂNEAS-GÊNERO- FEMININO E MASCULINO

Atualizado: 5 de jan. de 2022

Dando sequência ao Post anterior, as controvérsias acerca do gênero, grosso modo, se dividem em 3 tópicos principais: 1) O que é gênero, que implica, indiretamente, outra pergunta: gênero é intrinsecamente associado ao sexo? 2) Gênero- expectativa de comportamentos e papéis, 3) Feminino e masculino- princípio de complementaridade psicológica (energias feminina e masculina). O terceiro tópico quase não é invocado no debate das ciências sociais. A defesa do gênero como construção social se apoia, sobretudo, na hipótese de que gênero seja produto da “naturalização” de expectativas que são imperceptivelmente impostas socialmente. De forma geral, essa é a linha de argumentação de Foucault[1] e Butler[2].Gênero entendido como elemento/energia, entretanto, é pressuposto na maioria das abordagens que buscam pensar a fronteira entre o natural e o socialmente construído e será elemento importante para sustentar nossa reflexões sobre o tema. Nosso imaginário cientifico e popular ainda é binário. Mesmo entre os fluidos cuja maioria, por coerência, defende que gênero seja construção social, a forma de se encaixar no espectro é se perceber como “mais feminino” ou “mais masculino”. O espectro traz, contudo, uma tensão conceitual, porque a pressuposição de que características sejam mais próximas do masculino ou do feminino, torna plausível o elo causal natural entre caracteres genéticos e comportamentos associados a ele. Em trechos como:“(...) O código genético no cérebro é bipolar (...) Nas disforias de gênero existe uma discordância entre o sexo natal ou a genitália externa e o código cerebral dos gêneros masculino e feminino”[3], a explicação seria hormonal. Estatisticamente se teria comprovado que independentemente do dosagem de hormônios essas fêmeas seriam mais atraídas para atividades “tradicionalmente associadas à machos que fêmeas”[4]. Essas atividades são, em geral associadas à força, vigor, agressividade, impulsividade. Para teóricos como Foucault, M, o que se tornaria “estratégia de poder” seria associar o elemento ontológico( sexo) à virtudes morais e, dessa forma, criar um “estereótipo” para o ser feminino e o masculino, que seria representado pelo gênero. Dessa forma, o que caracterizaria a fêmea ou o feminino seria ser fraco, emocional (irracional), incapaz de ações atribuídas ao masculino/macho[5]”. Não entraremos em detalhes que excedem nosso conhecimento e o propósito do ensaio. Nossa premissa é que comportamentos “genéticos” pressupõem, em principio, genes em desenvolvimento numa comunidade. Afinal, as duas teorias seriam excludentes?

Continua no próximo Post


[1]Para Foucault, grosso modo, a naturalização da associação entre expectativas de comportamentos e papéis e os sexos biológicos funcionavam como formas de poder insidiosas, já que se estruturavam nas convicções mais profundas sobre a “natureza do seres humanos”. Foucault, M. Historia da sexualidade. [2] Butler radicaliza essa visão, argumentando que a própria definição de gênero como interpretação cultural seria redundante (não faria sentido) já que sexo, em si mesmo, seria uma categoria construída socialmente. Butler, J(1990).p 10.In: wikipedia.org/wiki/Gender [3] “Gender coding in the brain is bipolar. In gender identity disorder, there is a discordance between the natal sex of one’s external genitalia and the brain coding of one’s gender as masculine or feminine”.^ Money, J (1994). "The concept of gender identity disorder in childhood and adolescence after 39 years". Journal of Sex & Marital Therapy. 20 (3): 163. In: wikipedia.org/wiki/Gender. [4] Berenbaum, S. Psychology professor and CAH researcher. In:Beattie-Moss, Melissa (8 June 2005). "Are gender differences predetermined?". Penn State University. Archived from the original on 13 January 2006. Retrieved 30 August 2010. Ibid [5] Foucault. M. In: Tong, Rosemarie (2009). Feminist thought : a more comprehensive introduction / Rosemarie Tong.Boulder, Colo.: Westview Press ISBN 0-8133-4375-5

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