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  • cecilialeitecosta

ANGÚSTIA PATOLÓGICA (NEURÓTICA) E EGO

Atualizado: 24 de jun. de 2022

Dando continuidade ao post anterior, a partir de mais ou menos 2 anos e meio, a criança está tem o aparato biopsíquico pronto para investir a energia no meio, na sociabilidade. O desenvolvimento se organiza em três eixos: aprendizado (imitação de comportamentos), introjeção de traços psicológicos e vivências próprias. De posse dessas habilidades, nos desenvolvemos comunitariamente, i.é, aprendemos a “conviver”. Conviver implicará em se comportar de acordo com as regras tácitas de funcionamento social (bom senso) e corresponder às expectativas de performance dessa comunidade, por um lado e em buscar a satisfação das necessidades e interesses pessoais, por outro. Construímos, a partir daí, o nosso “conceito de eu”, também conhecido como ego ou consciência.[1] Consciência, no sentido empregado aqui, é instância psíquica que passa a organizar as informações do ambiente e a orientar nossos comportamentos e individualidade, a partir daí. Sua função é defender o psiquismo contra situações consideradas ameaçadoras à integridade do indivíduo. Assim, a memória sensorial do stress que resultou no bloqueio de uma das áreas do psiquismo e na falta estrutural, nos primeiros anos de vida, é apagada fica impressa em formas disfuncionais de comportamento (que Freud denominou psicodinâmica). Somado a isso, climas facilitadores e/ou inibitórios da espontaneidade, ao longo da infância, são introjetados na formação da identidade da criança, tornando-se parte da sua personalidade. As memórias relativas às lembranças conflituosas (na origem dos climas inibidores) são, também, apagadas (“esquecidas”). Dessa forma, o Ego se encarrega de manter sob controle tudo tenha sido vivido/sentido (de forma esporádica ou constante) como ameaçador. Oferece, assim, as condições de equilíbrio emocional necessárias para que a indivíduo possa investir a energia psíquica fora dele mesmo (explorando o ambiente). A angústia “estrutural”, por sua vez, fica “neutralizada”. Parafraseando Dias[2], chamaremos essa angústia, “esquecida” ou evitada pela consciência, de angústia patológica. Em termos psicológicos, entramos numa fase de acomodação.

Na puberdade, a criança em transformação “revive” a instabilidade cenestésica (sensorial) dos primeiros anos de vida. Nesse momento, informações oriundas do “hardware” –hormônios sexuais- criam uma nova configuração psiquíca, em função da chegada da energia sexual. Esse processo vem acompanhado de uma série de mudanças corporais e sensações desconhecidas que trazem grande instabilidade para os púberes, resultado da erotização dos corpos e da necessidade de descarga de energia sexual. Nesse momento, o canal disponível é a masturbação, já que o/a púbere ainda não sabe como descarregá-la de outra forma.

Continua no próximo Post


[1] Usarei os tres conceitos intercambiavelmente. [2]Dias, V. S.é o criador da Análise Psicodramática, nossa principal referência metodológica.



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