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cecilialeitecosta

ANGÚSTIA EXISTENCIAL

Atualizado: 10 de jul. de 2022


A angústia existencial descreve o tipo de angústia que começa a surgir com a necessidade da organização de um projeto pessoal e, portanto, está sempre relacionada à direção que a pessoa dá/dará a vida. Ela surge na adolescência e volta a aparecer na vida adulta, nas situações em que o projeto/ plano diretor da pessoa for quebrado por circunstâncias diversas. Sua característica central é a sensação de profunda desorientação. A pessoa se sente sem “chão psicológico”, desnorteada, sem rumo. Trata-se de uma angústia circunstancial, proporcional às perdas reais ou restrições impostas pelo mundo externo. A distinção é importante porque nos leva a considerar a angústia como um grande pacote que, em última análise, se desmembra em categorias distintas da mesma espécie. Não se trata da mesma angústia que muda a roupagem. Apesar de ser uma condição inata- o que nos move para dar sentido e propósito para vida- manifestamos diversas formas de angústia, que são resultado de conflitos de origens diversas. O adolescente convive com a angústia neurótica, vinda da introjeção dos modelos infantis, somada à angústia existencial. A diferença entre elas é que a angústia patológica (neurótica) tem origem em conflitos encobertos ou apagados pela consciência porque foram sentidos como ameaçadores à integridade ou sanidade do indivíduo, em algum momento. A característica crucial para definir a angústia patológica é que ela é sempre desproporcional à realidade: é uma angústia de mundo interno. Finalmente, há um terceiro tipo de angústia, relativo às circunstâncias que independem da motivação ou comportamento dos indivíduos. São angústias relativas às vicissitudes. Esse tipo de angústia surge de conflitos esperados diante de limites/restrições impostos pela vida. Chamaremo-na angústia circunstancial, seguindo a terminologia de Dias ou angústia real, como proposta por Freud. Todas as pessoas apresentam as três formas de angústia e elas convivem no desenvolvimento das identidades sexuais.

Por fim, é importante salientar:

1) Angústias circunstanciais e existenciais são oriundas de dificuldades ou traumas impostos pelo mundo externo. Elas são proporcionais aos desafios e dificuldades reais.

2) Angústia patológica/neurótica é sempre desproporcional à situação real. Ela é disparada cada vez que uma situação, no presente, atualiza(repete) uma situação sentida como ameaçadora no passado, não mais acessível à consciência. A distinção visa:

1) Identificar o tipo de angústia surge na adolescência e é típica fase do desenvolvimento- angústia existencial,

2) Oferecer uma distinção, para fins de diagnóstico clínico, dos conflitos que são inerentes à vivências traumáticas de mundo interno (neuróticos), dos que vêm de dificuldades impostas por vicissitudes (mundo externo) e dos que, embora originados por conflitos internos, não são neuróticos, como as angústias associadas à emergência da energia sexual/erotica nos púberes e adolescentes (os dois últimos produtores de angústia circunstancial/real).


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